sexta-feira, 18 de setembro de 2009

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Jornal de Letras procura pin-ups



A outra vantagem de ter abolido Agosto do meu calendário é que posso ficar em casa a fazer planos de coisas que nunca realizarei, como sempre os melhores. Um deles é uma antologia da pior poesia portuguesa.
Helder Macedo, Jornal de Letras F´arts e Medeias



Depois de lido festeje seu corolário defecante aproveitando seu jornal . O cu sempre foi amigo das letras. Já agora podiam ter aumentado o decote de Alice Vieira essa gimbra gostosa. Paguei 2.60 por um parágrafo. Arranjem artistas de qualquer idade e façam uma página central com mulheres artistas e jarreteiras e látex. O jornal de letras tem o odor a bafio que abafa qualquer malícia que possa vir de vossos excelsos cus. É papel e incenso banhado em rato de biblioteca que abafa qualquer fedor de cagada.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Making Aebleskiver Danish Pancakes with Arne

adoro panquecas.Aqui fica a receitazinha.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Conversão iminente de Saramago




Caim na Casa dos Bicos


Foi com prazer que li o ainda não publicado romance de Saramago, muito bem escrito onde Deus também fala juntamente com a Humanidade. O texto tem um relevo bem maior e esse será provavelmente a grande jogada do livro: Saramago planeia converter-se. Depois disso sairá de Lanzarote e ficará em Lisboa a ler Epístolas e a ver vídeos da Ovelha Choné e clássicos dos irmãos Marx.

rir faz bem (palmerense educado=)

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O fantasma da Confraria

Era o meu grande dia, e que bonito dia estava meio avermelhado tudo rubro e alaranjado incandescente e redundantemente quente. Vesti-me rápido e ouvi um pássaro cantar, era o Tobias, o meu canário que partilhava a gaiola com o Sarkozy e o Groucho. Tinha havido uma Bruni, mas morreu de susto quando viu o Groucho a papar o Sarkozy. Coisas de pássaros com almas dos mesmos. Comi um pão com chouriço industrial e senti o travo da máquina. Estou a engolir com ternura o travo do porco e da máquina feitos pasta metida em tripa inteiriça que se quebra com o metal da faca e se enfia num pão branco e insuflado, filho préstimo da máquina e da colheita. Pão falso com porco feito por mãos metálicas de robot. Desliguei a televisão ajeitei a gravata e preparei-me para sair para a rua. A Companhia estava contente, eu Tristão Chalaça o melhor vendedor de enlatados à base de carne do ano e do país. E para culminar a Confraria das Carnes em Lata preparava-se para me entronizar. Era a recompensa pelo meu árduo labor. Visto-me relativamente mal pois aprendi que no sólido mundo das carnes de conserva uma gravata enodoada pode condizer melhor com o lastro empedernido das unhas dum retalhista bom pagador, mas até isso está a passar de moda. Hoje era um dia especial, por isso pelo sol e pela glória tirei o meu falso Armani do esquecimento e transformei-me num homem de gravata. Tirei do trajecto de metro um aroma a gruta e um nervosismo filho da puta. Quando cheguei ao Hotel Jacinto várias individualidades da Companhia já faziam lustre com verdadeiros fatos e muito riso com as mulheres que lhes ofereciam canapés. Encontrei a Domingas perto da mesa das cartas frias no seu corpo redondo e gelatinoso embrulhado numa túnica meia transparente. A Domingas era a psicóloga da empresa e tinha-se saído bem: os níveis de confiança eram altos e de curioso só o suicídio do Dumdum Aniseto e a gravidez da Zita, a rapariga das fotocópias, com Barnabé, o rapaz das fotocópias. Como sempre a conversa versou sobre o Aniseto; tinha falhado os limites não tinha créditos acumulados de vendas e por isso resolveu queimar os miolos com um revólver em frente aos colegas do departamento sanitário. Eu gostava da Domingas, mas no trabalho trocávamos cumprimentos casuais e pouco mais; de resto sempre que nos encontrávamos falávamos do suicida. A conversa terminava mais ao menos quando ela dizia agora não há nada a fazer e eu dizia pois não. Havia vários animadores vestido de presunto e uma versão de Vivaldi com bateria que fazia o chão tremer. Comecei a suar e agarrei dum tabuleiro um refrigerante com gelo. Vi o meu chefe de vendas ao longe já bêbado a tentar morder o disfarce dum animador e a seguir empurrá-lo e desatar a bater-lhe ao murro e pontapé, depois foi agarrado e levado para uma sala mais ao fundo. Por momentos os homens dos fatos caros no centro da sala pareceram parar de rir e ficaram a olhar enquanto os seguranças do hotel a mulher e os amigos o levavam à força do salão. Conversei com dois ou três conhecidos sobre banalidades e coisas do negócio. Dirigi-me à casa de banho. Passado um bocado tendo tirado um toalhete para me limpar da água senti algo como um gemido, um grito de osso murmurado e rouco. E lá estava ele desalinhado descomposto cheio de vomitado olhos injectados de raiva e vergonha enjaulado no rectângulo das paredes da sanita como um tigre prestes a borrar-se depois duma dose de carne estragada. Tinha uma pequena automática numa mão e papel higiénico molhado noutra. Chalaça, disse ele, vou-me matar. Não, não faças isso tem calma vamos conversar. Isso, vamos conversar, concordou ele. Levantou-se pisando o visgo do vómito e dos acumulados da festa. Desequilibrou-se e com a arma destravada por estupidez baleou-me no peito e eu morri. Foi chato mas deu um novo rumo á minha vida. A Confraria entronizou-me a título póstumo e a Companhia assegurou que a minha mãe viúva fosse abastecida de vitualhas enquanto vivesse. No meu túmulo pode-se ler em letras bem visíveis; Tristão Chalaça uma vida de trabalho ao serviço das conservas.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Heliodoro

Era uma fumarenta grutinha metade pardieiro, metade fumeiro. Pouco a pouco conforme os olhos iam esventrando o escuro, vislumbrava-se uma fogueira rodeada de pedras e um corpo agachado rente ao natural leito da cova.
Heliodoro fritava numa frigideira preta de uso e com falta de banhinhos, um severo pedaço de carne. A mina tinha-o deixado sem pernas e sem nada para fazer a não ser vaguear no espesso verde da floresta húmida. Só tinha pernas dos joelhos para baixo e os cotos eram irregulares, com mossas aleatórias. Tinha duas pernas de pau e um par de paus arranjados para serem muletas. Percorria a linha férrea de ponto a ponto à procura de restos de suicidas. Havia muitos suicidas e muitas vezes o combóio passava. Heliodoro rapinava os restos e trazia-os para o seu minúsculo lar. Às vezes comia cozido ou assado. E fumava partes para os dias de escassez. Uma bela tarde, cansado do verde e sem paz no seu espírito, Heliodoro encontrou uma arma dentro de um corpo estragado pelo combóio. Depois de uma última refeição de filet nadegueiro fumado destravou a pistola e disparou. E tudo ficou igual enquanto o texto da floresta cobria a sutura da rocha e os restos de carnes. Os abutres da região, esses, passaram a comer melhor e nos seus arrotos exclamativos aclamavam Heliodoro, o canibal.

Grandes haikai



Vem viver a vida amor que o tempo que passou não volta mais.

José Cid

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Iggy Pop - I wanna be your dog - 1979 - live



As mulheres são as melhores coisas do mundo. Mesmo quando as achamos chatas ou brutas têm uma cavidade na alma onde nos podemos agachar, uma gruta de quente concha. O meu velho amigo Dusty Creamer dizia sempre” If you like pussy treat it equal”.
A galáxia de Afrodite Provo, Earl Wilmot, 2007

sábado, 15 de agosto de 2009

O almoço do trolha




Os dentes amarelos mascavam com a avidez os restos da solene sande de fígado encruado e cebolado. Por trás dele colocado sobre a chapa que guardava o andaime um poster da Virgem com o Menino Jesus duma igreja evangélica. Rapidamente, mas com gosto engoliu os restos da sande e agarrou um donut recheado, enquanto refrescava a garganta com uma cerveja de lata fresca e transpirada retirada da geladeira de campismo como um recém-nascido. Ao fundo da rua no prolongamento da sua perna estirada duas ou três árvores pronunciavam-se do alto dum pomar como se estivessem a ver o trolha com folhas e frutos. Ajeitou os tomates da segunda sande de forma a preencherem a carcaça por dentro e trincou-a. Os molares esmagavam e ele engolia e estava feliz entre o sol abrasivo e o fresco da lata. As suas entranhas começavam a receber o abraço alimentar. Soltou um peido que assustou um gato de boa audição. O cheiro às lulas do jantar perdeu-se entre os verdes do pomar. O gato trepou mais alto para mais longe. O trolha olhou para o telemóvel e introduziu a palavra tetas e ficou a olhar para moças de grande peitaça enquanto comia uma barra de cereais com chocolate. Mais tarde ia ter com a namorada e estava a preparar os olhos e a pressentir o pau. Fumou um cigarro lento depois de fechar as mamalhudas de novo na caixinha.
Olhou para as horas e viu os colegas de argamassa a recolherem a comida e ele próprio entre um arroto arrumou as vitualhas e acabou a cerveja num trago. A luz fechou-se sobre eles e já todos no fresco do betão começaram a trabalhar.